Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Favela..



Eu vi,
vi comigo ninguém pode
a espada de Ogum
a patroa na janela
os becos e vielas

alguns escuros
outros acesos de baseadas sentenças

Vi fios emaranhados
com bandeirinhas do Brasil
a beata e seus pés de Aleluia!
A criança russa
de mãos negras

recebi carinho
de mais um cachorro
dessas minhas ruas,
dei boa noite à todo mundo!


Camila Senna

 

Romã



Invadindo meus quartos,
me vi na lembrança esquecida
com dentes e purpurinas,
me vi no medonho céu
de raízes sem espaço

foram linhas cruzadas
nas remosas culpas
da vida

pensei: meu Deus!
se eu tivesse crido
naquilo, e naquilo!?

Mas sempre acreditei em sonhos,
durmo acordada
no romã barulho das caladas
da noite.

Camila Senna.

domingo, 7 de setembro de 2014

METRÓPOLIS

Tem um relógio que marca as horas,
Eu sigo em fila, em fila indiana,
Pelo túnel, que se estreita.
Tenho família
Tenho hora pra trabalhar,
Pra acordar e pra dormir.
Tenho hora pra ir ao shopping,
Tenho hora pra ir à igreja e adorar a Deus
E tenho hora pra morrer.


Arnoldo Pimentel





















































































sexta-feira, 5 de setembro de 2014

PAISAGEM DA LUA



      Eu morei no Brooklyn. Morei um bom tempo no Brooklyn. Tenho muitas fotos dessa época. Fotos das esquinas e com amigos que convivi. As fotos são todas em preto e branco. Gosto de fotos em preto e branco, acho que são mais reais, mesmo sabendo que talvez a realidade seja melhor na paisagem da lua. Tenho fotos de pessoas com sacolas atravessando a rua e fotos nos bares com amigos e nossas cervejas. Às vezes eu ficava perto da ponte, são muitas pontes, mas havia uma ponte diferente, era a ponte sobre as águas na parte do rio perto da curva onde enterram corações, onde enterram histórias e astronautas doidões. De um lado do rio ficava a estação de trem, parecia a estação onde se tocava gaita, de tão isolada que era. Do outro lado ficava a parada do ônibus que partia às cinco da manhã para Manhattan e só retornava as sete da noite. A parada do ônibus ficava na porta do bar onde eu e meus amigos bebíamos nossa cerveja ouvindo Joan Baez e declamando poesia. Numa noite dois parceiros cantaram uma música de autoria deles:  "Ela é minha Joa Baez, Eu sou Bob Dylan dela". É a última lembrança que tenho do bar na parada do ônibus, do tempo que eu não sei se volta mais.
       Eu morei no Brooklyn tantas vezes que nem lembro mais. Ainda passeio por lá algumas vezes, mas não tiro mais fotos, agora é tudo em cores e as fotos não são reais.
Arnoldo Pimentel