Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



domingo, 16 de setembro de 2012

A cotovia não canta à sede

Embalo a planície da tua mão sobre a minha mão,
Percorro-a com o arado dos meus dedos,
Abro sulcos na terra virgem,
Lanço-lhe as sementes dos teus lábios,
Rego-os com uma lágrima que corre na nostalgia do sonho.
Um aroma a terra húmida, embriaga
O sentir da tua presença.

Trás a barca através da cortina de bruma,
Senhora da madrugada alva,
Minhas mãos no teu longo vestido,
Remam nas águas adormecidas
E deslocam remoinhos no teu corpo nu.
Desfruto nas margens do segredo,
O fruto azedo do teu âmago.
Deixa que a barca desça selvagem
O rio que nasce no vale dos teus seios,
Eu afogo-me no cheiro do teu ventre
No enlace das nossas tormentas,
Vem senhora da barca
Comigo molhar os pés,
Vem sentir as pedras frias dos meus olhos,
Beija-me estes lábios de vento.

Há um refúgio em ti
Onde lanço os meus segredos,
Não há ecos de receios nem traições.
A minha boca encontra a tua boca,
Entre risos e beijos.
Agarras esta torrente que esta prestes a chegar,
Dentro de ti descubro um mar,
Eu transformo-me na onda que invade a tua praia.
Por fim, adormeces, naufragas nos meus braços,
Um lençol de névoa cobre os nosso corpos exaustos,
Um doce odor do amor breve
Denuncia a nossa primavera.

Partes devagar,
Apenas pó e caminhos ficou,
Dizes que alguém descobriu um pôr-do-sol
Na planície verdejante do teu olhar,
E que uma espiga de trigo despontou no teu sorriso.

Sei agora, que esses brincos de urze
Que nas tuas orelhas coloquei,
São já mirradas flores castanhas.
Sabes,a cotovia não canta à sede.
Mas, eu desfaleço num cântico alentejano.

Autor: Sedov

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=231032#ixzz26fGvpYBr
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives