Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



terça-feira, 14 de agosto de 2012

Sodomia





Na minha frente
Tendo a areia como cama
O céu enrraba o mar.

Marcio Rufino

carochas, bicicletas & biplanos - 34

Às vezes vejo a série de televisão Shameless, versão americana. A versão britânica nunca me atraiu verdadeiramente a atenção. Prioridades de tempo. Não se pode ver tudo. E faz-se uma escolha. Uma hora por dia já é muito. A nossa hora diária e estúpida. Serve de descanso dos neurónios. Que depois morrem logo a seguir. É assim mesmo.

Embora os primeiros episódios sejam cheios de mamas e sexo como forma de marketing para se viciar espectadores e embora a história aconteça aos tropeções vão surgindo momentos brilhantes e dum realismo interessante. Como a tradução da série pretende: No Limite. Todos os personagens vivem no limite. No meio das caricaturas do pretenso real, há uma mensagem que perdura e é feliz na sua representação. Uma ideia de família, de comunidade, de entre ajuda. e nesse sentido não podia ser pior nem melhor. Podia ser bem pior e nada melhor. Podia passar-se contigo. Comigo. Mudemos o verbo: Não pode ser melhor, nem pior. Ponto assente. Sem vergonha. Apenas vida. A de todos os dias. Com os que estão connosco. Família ou os que estão connosco, amigos ou outra coisa qualquer. Sempre sem vergonha. Nos filmes são todos bonitos. Não há verrugas, nem excesso de peso, se o houver é sempre glamoroso. Nos filmes os dias passam e têm música sempre a acompanhar. Não se ouve os gritos nem o som dos automóveis na estrada a seguir ao nosso inferno. Mas isso é nos filmes. Aqui ao pé de nós só há gente feia e gente velha e gente desdentada. Nem bons nem maus. Apenas gente.

Na série temos William H. Macy como pai ausente e alcoólico. Um pai que prefere aleijar-se e receber do seguro a qualquer tipo de trabalho. Uma figura execrável que só um bom actor consegue mostrar. A figura central da série – a personagem que se odeia. Quantas vezes, no mundo real não é assim mesmo.
Jul./Ago. 12


Autor: Carlos Teixeira Luís

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carochas, bicicletas & biplanos - 33

No dia em que deixei de escrever poemas fui à praia na sua hora fria em que as pessoas a largam e deitei-me no areal esperando o pôr-do-sol e sorvi-o momento a momento e a partir desse mesmo momento dir-se-ia mágico, decidi que a poesia não mais seria uma muleta na minha vida. Na verdade nunca o foi mas decidi que não o seria. Nunca.

Assim que cheguei a casa, violei a minha própria regra e escrevi um poema de um só take, desculpem a expressão mas pareceu-me como que filmado mais do escrito. Sempre que quero sair o clube manda um cobrador a solicitar o pagamento de mais uma quota. Chega a ser opressivo. Como qualquer cobrador sempre impõem uma silenciosa ideia de desconforto ou de que algo de perigoso nos pode acontecer e jogam com o que não sabemos. Será que nos partem as pernas se não pagarmos? Nos riscam o carro? Invadem a privacidade manchando uma certa reputação adquirida? Podem fazer isso e outras coisas até nos convencerem a pagar? A simples ideia proposta por nós próprios quando avaliamos a atitude de quem nos assedia com um dever não cumprido causa-nos terror e é dentro desse jogo psicológico que o cobrador vive. Bem, ainda estou a falar de poesia? É a poesia um clube em que não se admite sair? Por exemplo, sair para nunca mais voltar. Ou sair para voltar se houver a vontade de o fazer, com a indefinição desta mesma medida. Por vezes é encarado assim. Poeta, logo poeta para sempre. Não concordo. Neste sentido, e só neste sentido, nunca literalmente, proponho de vez em quando, espancar o cobrador e ordenar-lhe que não volte. Um ataque frontal como defesa. Talvez ele nos deixe em paz. Ou mande outro cobrador mais sólido com outra capacidade de resposta e outras ideias perversas com o fim de nos convencer a voltar ao clube. E já que entramos no jogo, com violência, que é fértil em se multiplicar até á ruptura. E ainda estou a falar de poesia?

Bem, a poesia não é algo dominável como por vezes se pretende. Vai e volta quando quer e comporta-se como um rude agiota que cobra o que não podemos pagar. Ou não é assim e devemos atribuir misticismo ou divinizar a origem do acto de criar. Temos a liberdade de escolher o que bem entendermos. Eu não faço a mínima ideia de que escolher. Vou espancando o agiota de vez em quando e espero o dia seguinte, não antevendo nada. Absolutamente nada.
Ago. 12

Autor: Carlos Teixeira Luís

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Campo vasto...


Olhos de profundo segredo sagrado...
De campo vasto,
Metade malícia,
Metade casto.

((( Camila Senna )))

Ejaculo...


Com o Olho de Hórus,
Te observo...
Ejaculo todo seu desafeto.
Feto secreto, me faço!...
Não indago a pobre caça
Desgraçada que tenta o vinho da minha taça.


((( Camila Senna )))