Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 19 de julho de 2012

"pós.."

tarde..
(tão tarde,)

à temperatura abstracta de alguma suposição
água da sede que descobre o corpo(aos olhos..)

e.
um conto breve..
e: fim,











..






seja à marca da precisão/impulso que se orienta
sejam os passos caídos de uma rescisão qualquer
ou mesmo retrato
tão..
posto
tão hábito fácil de criar-te
de dias
de noites
coincidentes(prementes..)
à letra repente(a que te tenta..)

em partes da cena(cortina) que(nem.) te servirá..














..










qual lado: retrátil.
pretérito de ti:
acto!
sopro-perfeito
ponto preciso
algures
lados
teus
inteiros..







qual sentido da métrica e fim?
qual eclosão de métodos por lembrar-te(assim..?)
das minhas mentiras decifradas
tais ilhas, tais..


preces
de
cada










eu já nem tenho um pacto de lâminas
e as minhas decisões, eu te entreguei
eu já fechei a porta dos meus olhos que te dormem
eu


nem espero ter o que te sei..











breve ilusão
à marca da linha passageira
breve conto fictício, me seria
este,

se
as minhas quedas,






nao te procurassem mais..










..









"eu olho você afundar..
eu vejo os meu ecos te revelarem
eu olho as tuas pálpebras enfileiradas
e são as minhas contendas em queima
eu olho os teus passos sumirem
e as minhas tintas nao me deixam ir
eu olho você afundar, (...)"



















..











tal êxito de compreensão abstracta
minhas verves
minhas. páginas




...


Poema de Azke

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carochas, bicicletas & biplanos - 30

Charles Bukwoski é um escritor rude, frontal, cru. O meu primeiro contacto com o escritor foi por acaso. Sabia dum escritor assim mas nunca o tinha lido. Vi o filme Barfly, nos anos oitenta (87), com Michey Rourke (quem mais) a fazer de Henry Chinaski, personagem alter-ego do escritor nos livros e Faye Dunaway. Comecei a interessar-me pelos escritos originais do escritor. Não havia nada tão extremo e rude como ele. Nem Henry Miller, este é outro caso aparte, um escritor brilhante com uma visão acutilante da realidade com romances repletos de sexo para vender e pagar as contas, uma fórmula que o fez viver da escrita. Bukwoski é diferente. Perdedor que passa a vida em bares e a beber, com todo o aspecto de quem faz isso mesmo – igual a milhares sobre milhares de perdedores que desistem do mundo que os rodeia e se refugiam no seu alcoolismo mas ainda com energia para se empenharem nalguma coisa extra, geralmente as coisas erradas para si e para outros. A maior parte das famílias tem familiares assim, que se tenta corrigir ou esquecer que existam. Todas as cidades e aldeias do mundo estão cheias de seres humanos que perdem e se deixam estar onde estão, esperando que os levem e enterrem. Existem e vivem. Estão ai nos cantos dos submundos. Pensamos sempre ser outros que não vemos diariamente mas um dia a vida atropela-nos e olhamos para o lado e vemos um Charles Bukwoski a nosso lado a meter conversa com o claro objectivo de nos cravar uma bebida ou um cigarro. Eles olham para nós e nós olhamos para eles. O que vemos? Um pobre bebedor que vive e dorme e acorda no mesmo bar, a menos que seja expulso ou não possa pagar o que deve. O que vêem quando olham para nós, ali a beber? Eu era assim. Eu comecei assim. Agora sou assim. E largamos tudo e corremos avenida abaixo, são três da manhã e procuramos uma ponte para nos atirar. Eu sou um deles. Um alcoólico, um perdedor, um falhado. Mas ninguém liga a um gajo aos gritos numa das piores zonas da cidade, a não ser a polícia que o trave para curar a bebedeira na prisão. Para eles é mais um bêbedo e menos um problema nas ruas.
Charles Bukwoski descreve sexo gratuito com mulheres ocasionais e prostitutas. A maior parte das pessoas não querem ser apanhadas a ler porcarias dessas. A maioria dos frequentadores do metropolitano não anda com um Bukwoski debaixo do braço. Nunca vi Women, ou Post Office a ser lido, nessas viagens. No entanto, é lido. Por estudantes universitários vestidos de negro ou miúdas em confronto com a sociedade carregadas de piercings? Matronas de idade e peso, divorciadas e a viverem uma nova juventude? Lê-se nos bares? Nas esquinas do negócio do corpo? Quem lê Buk? Isso para mim não me interessa. Eu sei que por mais contra a prostituição que eu seja, não deixarão de existir mulheres a venderem sexo, hoje, amanhã e amanhã. Por mais que eu repudie o público que alimenta a indústria do aluguer do corpo da mulher para a fantasia dos prazeres, na rua e nos seus submundos, que alimentam outros submundos de toxicodependência e alcoolismo e todos os seus efeitos adversos, hoje e amanhã e amanhã, homens e mulheres (não?) de todos os quadrantes sociais, nas sombras da noite continuarão a alimentar esse monstro devorador de vidas que é a industria do sexo à venda nas esquinas e nos antros de má música, más e caras bebidas. Bukwoski anda à vontade nesses mundos e relata-os tal e qual como são. Não é um monstro, é apenas um homem feio de barriga saliente que enfrenta a vida como ela se lhe apresenta. E escreve sobre isso. Não existe em português de Portugal ou Brasil, por exemplo, nenhum escritor semelhante. Temos Kafkas, Nerudas, Dickens e até Henry Millers mas Bukwoski não.
Há gravações no YouTube, de Bukwoski bêbedo a bater numa mulher tão ébria quanto ele. Ler Bukwoski não me faz um apreciador de violência doméstica que repúdio até ao extremo. Ler Buk não nos transforma em Buk. Apenas reconhecemos que há um mundo assim. E aconselho veemente a sua autobiografia parcial: Ham on Rye, onde tudo começa, como Bukwoski se torna Bukwoski. Tudo mergulhado numa franqueza, frontalidade e sinceridade desarmante.
Este é apenas um texto, portanto um ou outro ponto de vista pois há muito mais a considerar. E se pensam que por ser leitor de Bukwoski serei parecido a ele ou o imito, paciência, não se pode ter tudo – leitores que filtrem e interpretem de forma perfeita o que se dá a ler são raros e todos esquimós, e se acharem que através de Bukwoski me conhecem então é semelhante a atravessar o oceano pacífico via Paris. Mas nunca se sabe. Posso estar enganado. Um abraço.

Jul. 12

Autor: Carlos Teixeira Luís

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carcohas, bicicletas & biplanos - 29

Paul Auster, escritor e cineasta. Este é um exemplo de um escritor que conseguiu desenvolver uma literatura americana, bairrista, de grande qualidade e absolutamente legível. E por isso mesmo, como é legível é considerado de menor qualidade em relação a outros autores seus contemporâneos. É o problema dos escritores legíveis. A sua narrativa por vezes minimalista e labiríntica tem uma familiaridade e originalidade reconhecível. O que é um feito. A sua Brooklyn particular faz-nos sentir um certo dejá vu, e para isso eu recomendo menos filmes americanos e mais atenção à escrita do homem em causa. Lá por se passar em Brooklyn grande parte da acção dos seus livros, não quer dizer mais do mesmo.
Não basta ler um livro de Auster, não basta ter lido a Trilogia de Nova Iorque, não basta ter visionado um dos seus filmes. No conjunto há uma obra, pronta a ser explorada como um turista apanhado numa rede de enganos e que se perde para nunca mais querer ser achado. Só assim se apanha o âmago da questão e em seguida entra-se em dúvida, rodopia-se numa roda obsessiva de quarteirão em quarteirão. Paul Auster não é Brooklyn mas habita-a e Brooklyn habita-o. E como leitores atentos, passa a habitar-nos.

Gosto muito dos seus filmes, produzidos ou realizados, em parceria com Wayne Chang, Lulu on the Bridge, com o habitual Harvey Keitel, Mira Sorvino, em volta de um saxofonista que leva um tiro, o seu Smoke, com o excelente William Hurt, Harvey Keitel, Forest Whitaker, e muitos outros, gente que se junta à volta duma loja de tabaco, este filme tem um prolongamento na espécie de documentário de bairro, que é Blue in the face, destaco uma participação de Lou Reed a falar do que gosta em Nova Iorque, e muito mais.
Há uma América que salta dos seus livros para o mundo, autêntica mas que não deixa de sonhar.

Paul Auster é casado com Siri Hustvedt, de ascendência norueguesa também ela escritora singular e de grande profundidade. Diferente de Auster como da noite para o dia. Os seus escritos são reflexivos e por vezes muito perto do ensaio. Um caso de um casal dedicado á Literatura e de grande talento. A História não repetiu muitos exemplos destes como se sabe. Mas este texto é sobre Paul Auster. Apenas para acrescentar que devia ser obrigatório ler este escritor. Experimentem. Comecem pela Trilogia de Nova Iorque, ou Loucuras de Brooklyn ou qualquer outro. Em Portugal são todos editados pela casa Edições Asa, agora no grupo Leya. Aposta do ex-editor da Asa e agora editor-responsável pela Porto Editora, Manuel Alberto Valente, homem de livros e autores, como antigamente.

Jul. 12

Autor: Carlos Teixeira Luís


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