Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 2 de junho de 2012

O teu pulso é um dia de chuva


Nunca
sei onde nasce o sol,
e nunca o céu que tem o teu vestido,
quando os barcos partem num horizonte oposto:
eu só tenho o véu das tuas chamas,
o suave véu quando sobes a voar a mesma lua
ou a água que ao mar chegava,
e o vento é ainda este pesado crocodilo
quando a noite o perde, quando a noite é ainda uma
úlcera em seda já explicada às cortinas,
ou essa vírgula do céu
a flutuar um poente de rosas
apedrejado ao teu
parto
... »


Poema de Francisco Eugênio Seixas Trigo

Sina

Se há algo
Que me ensina
É que tudo
Nesta vida
Sempre cisma.

Se há algo
Que me ensina
É que tudo
O que cisma
É por sina

E que a sina
De cismar
Faz a vida
Pressupor
Para si

Um sentido,
Um propósito
E destino
Presumidos
Para todos.

Mas se tem
Um sentido,
Por que cisma
Esta vida
Tão sentida?

Mas se tem
Um destino
Por que cisma
E se abisma
Esta vida?

Se ela cisma
É por sina
De não ter
Um sentido,
Um juízo,

Por saber-se
Sem propósito
E destino
Quando cisma
Em surdina.

Por saber
Que cismar
É buscar-se
Bem acima
Dos sofismas

De um destino,
De um sentido
Tão mentido
E fingido
Pelas gentes.

Pois se cisma
Malsinada
E repleta
De sentidos
Presumidos

Nos ensina,
Na verdade,
Que viver
Esta vida
É a sina

De perder-se
Em cismar,
Em amar
E a arriscar-se
Sem sentido.


Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados

[...quando esqueces as palavras



quando esqueces as palavras pela noite tardia,
tacteias à deriva pelas marés os sons dos sussurros,
que,

fugitivos,

se escondem pelas frestas da parede em madeira,

e por mais que queiras adormecer,
os ventos esculpidos no teu peito perscrutam,
aquelas outras ondas que dançam em mim.

Também eu me morrerei sem lápide, nesta imanência longe de mim,
desconhecida, que me oprime,

e se o amar um dia se saciar, mesmo sangrando
das palavras que esqueceste pela noite tardia,

que siga as migrações distantes da borboleta monarca
que um dia sobreviveu ao inverno.

Hoje o dia amanheceu mais cedo, sequioso de claridade,
o mar ficou mais vazio sem ti,


[que o olhar dos barcos esteja sempre pintado na proa].



Poema de Ricardo Pocinho (Transversal)