Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quarta-feira, 25 de abril de 2012

(e como eram bonitos os cravos vermelhos de abril)


Das certezas que deixei ancoradas
no algures do tempo,
vogaram algumas folhas de plátano
completando o circulo de todas as estações,

das certezas não tive saudades,

ou senti sequer falta,
tudo se modifica, tudo se altera,
mesmo brevemente que seja,
do tempo, nesse algures indefinido,
sim, e do areal também.

Mesmo que o mar tudo cubra nessas
revoltas constantes,
nessas idas e vindas,
mesmo sem o virar de costas ao olhar,

finco-me sem oscilar, enraizo-me
nas rochas como o albatroz cansado
se esconde da tempestade que o fustiga.
E esqueço o nevoeiro,
e esqueço-me, e rio-me do plátano, do arco-íris, das certezas, do mar, do areal, do albatroz, e do nevoeiro que cobre a espuma das ondas.

Afinal, nem o poema tem a certeza nas palavras,
nem a magia do coração que concentra o ritmo,
tantas as viagens com que nos brinda, brindará[?]

Brindemos então, e o vinho que inunde a mesa,
que escorra pelo soalho de madeira que range,
que regue os cravos de abril que jamais cresceram no algures indefinido do tempo mesmo que as saudades os provoquem.

E como eram bonitos os cravos vermelhos de abril,
termino assim:

das certezas que deixei ancoradas
no algures do tempo,
vogaram algumas pétalas de cravos vermelhos de abril
completando o circulo de todas as estações,
e mesmo que nesse dia no algures do tempo, chovesse,

e se gritassem vivas aos vivos, e a alguns que se despediram a lutar, poucas as certezas restaram,
saudades, sim, sempre as terei,

que os cravos vermelhos de abril ressuscitem hoje,
que se completem todas as cores em arco-íris,
finalmente.



Poema de Ricardo Pocinho (Transversal)