Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 1 de março de 2012

uma guitarra de pecados

Irás sozinha,
como se perdesses a noite e sempre a noite
que faltou aos campos
no meio das tuas mãos e poderei,
também eu, ver o que não vi: a geada dos
cordeiros ou a surdez da lua
dominada pelas nuvens.
Eu sei que o teu amor está fechado,
e que é sempre cedo para tê-lo: parece que
o vento é das cegonhas que salvam as jóias
do teu seio e às vezes é de noite, às vezes é
de manhã e o vento prende-se com pequenas
chamas, com a meia urze dos cálices
no horizonte para onde ias: às vezes são
gestos, rosas, uma guitarra de pecados,
os papéis assinados às fontes,
os papéis assinados pelo Novembro, sobre
os degraus para as ilhas que anoitecem,
ou o sol que as segue até tão longe.
Eu já não te escrevia nada e está sempre
vento e quase sempre o lugar
vaginal do quarto crescente,
como um vitelo sobre as marés,
e um vitelo em vigas sóbrias
depois sobre a seda
que um dia trouxe
das harpas e se
como os teus dedos
à volta o dissessem tão suaves
voando, como voando vai um
poente de veias na evocação dos cristais
que alguém atirou para o céu, ou as lágrimas
dessas esmeraldas onde durmo e para onde eu
ia com a tua urgência,
Meu Amor


Poema de Francisco Eugênio Seixas Trigo