Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sinais de fumaça

Eu estou falando com você
Cale-se
Escute
Eu estou falando com você
Ouça
Cale a boca
Eu estou falando com você
Silêncio
Fecha a matraca
Eu estou falando com você
Quieto
Dá um tempo
Eu estou falando com você
Quando um burro fala
Fecha o bico
Eu estou falando com você
Você é surdo?
Esqueça
Não falo mais com você

Meu amigo imaginário não tem um pingo de imaginação.
Meu amigo imaginário: você não existe.

Poema de Andri Carvão

Mulher-Hiena




Linda, louca, livre.
Intensa, híbrida, simples.
Foi mordida por uma hiena
Numa véspera de carnaval.
Recebeu uma alegre maldição serena
Que perdurou nos quatro dias de bacanal.

Da Baixada Fluminense
Já ouvia o ronco da cuíca
Que vinha da apoteose
Seus quadris e suas sapatilhas
Criavam vida própria
Numa hipnose.

Ao som do pandeiro e do reco-reco
Balança as ancas feito um boneco
Juntam-se a sua volta
Sambistas, mulheres, gays, crianças e velhos
Entre cerveja, churrasco e batucada
Envolve a todos com seu rebolado
E devora-os sem atraso
Sob histéricas risadas
Desgrenhada
Numa felicidade oca
Com o sangue dos inocentes
Escorrendo de sua boca.

Bacante peluda
Nua
Com seus dentes caninos
Come rindo suas presas
Que morrem canibalizadas
Incertas, sorrindo.

Ela invade blocos,
Luaus,
Boleros,
Pagodes
E saraus.

A polícia a procura
Distinta
Mas ela some
Na quarta feira de cinzas.

Ela está por aí disfarçada
Na professora,
Na empregada,
Na mãe de família,
Na dona de casa.

Na poética da narrativa;
Na surpresa da vida;
Na temática da poesia.

Marcio Rufino
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