Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 8 de maio de 2010

Pipa















Se a lesta pipa passar em frente,
Num dia claro, da tua janela
Com franca vista do pôr-do-sol,
Estica o braço para pegá-la,
Mas não a apare no pleno vôo;
Sente a rabiola passar apenas
Pelos teus dedos, ligeira e breve,
Pois se sustenta no ar tão somente
Por brisa e linha fina e volúvel.
E se outra vez o acaso do vento,
Pela janela do apartamento
Em que tu moras, encaminhá-la,
Perceba bem que já não há linha
Que a leve leve por estes céus,
Sem deus ou nuvens a organizá-los;
Somente um vento que forte e doido
Mexe febril em toda a paisagem
E a pipa arroja contra a janela
De um edifício que muito lembra
Adamastor no silêncio grave
Do aço, concreto, viga e fastio.
Portanto, deixe que adentre anônima,
Sem epopéia, cantor ou fama:
Ave abatida, louca avoada,
Em desafio contra fachada
De mil janelas sempre fechadas,
No breve instante de um vento leste.

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.

CASAS DE NUVENS CINZA



CASAS DE NUVENS CINZA

Casas de madeira soltas na terra
Decoradas com cordas de arame que atravessam a ausência de paisagem
Esticadas por postes sem luz que apontam
Para o céu de chuva cinza
Sem esperar nenhuma doce miragem

O silêncio é quebrado pela bicicleta sem acento
Que vaga pela rua de chão solta no vento
Carregando em seu sonho a grama estéril
Vidas vazias
Que nem o pranto solto alivia

No solo molhado pela chuva
A desesperança por saber
Que no fim do dia não haverá fartura
Sempre será assim em cada novo amanhecer

Não haverá escolha
Entre as nuvens que ainda vagam
Nem galhos nas árvores secas
Nem mesmo bichos da seda

Autor: Arnoldo Pimentel