Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sexta-feira, 23 de abril de 2010

Rumo à solidão




Não diga o que eu devia fazer.
Só escute, se for capaz, as minhas palavras mudas.
Ouça, se for capaz, a dor que eu sinto sem gemer.
Sinta, se for capaz, o segredo que eu tenho sem nunca sabê-lo.

Não diga que tudo irá dar certo
sem antes me apontar o caminho mais curto para a solidão
e não diga
que a solidão não existe,
pois é, na verdade,
o próprio caminho a se trilhar.

Eu já não tenho mais nada a fazer
a não ser atravessar essas portas fechadas
e chegar ao outro lado
com aquela falsa sensação de vitória.

E não há uma vitória sem uma gota de lágrima
mesmo que seja invisível.
E não há uma gota de lágrima sem uma dor
mesmo que seja fraca.
E não há uma dor sem uma mágoa
mesmo que seja esperada.
E não há mágoa sem a morte de qualquer coisa que se amava
mesmo que não seja física.

E o meu próprio-amor-próprio
é a invisível e fraca espera do não físico
do abstrato e diluído no espaço
que está por trás daquilo que é sólido.

E o que é a solidão
a não ser esse ser não sólido
que vive a nos espreitar
num canto da sala?

Mas não há um amor-próprio sem um egoísmo
mesmo que seja domado.
Mas não um egoísmo sem uma raiva
mesmo que seja calma.
Mas não há uma raiva sem um desejo de destruição,
mesmo que seja tolerante
de tudo aquilo que é humano.

E a minha tristeza
é o tolerante e calmo domínio
que tenho sobre tudo aquilo
que é desumano em mim.

E o que é o caminho
a não ser essa estrada insegura e torta
sobre o tapete colorido da sala?

Não esperava essa agressividade
em tua cara.
Não contava com esse pouco caso
em teus olhos.
Não aguardava essa arrogância
em tua casa.
Não pressentia essa decepção
em meu peito.

Agora deixe despedir-me de tudo aquilo
que é vibrante e claro em sua essência
para que não haja nenhuma saudade
do que eu não tenha visto nesta descendência.

E assim sigo rumo à solidão
que não é depressão
e sim o som de uma densa música
e seu refrão.
E assim sigo rumo à solidão
que não é suicídio
e sim a esperança de uma longa felicidade
e seu início.

Marcio Rufino
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