Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



terça-feira, 31 de agosto de 2010




É preciso que se grite pelo amor
que ficou no esticar
e no dobrar dos lençóis.

É preciso pôr o amor
sobre a mesa
na xícara de café requentado.

É preciso procurar o amor
nos lixos da cozinha, no banheiro,
no quarto, no sal e no palheiro.

Exercitar o beijo
é preciso companheiro.

Trovoar o amor que adormece
as noites
no céu que relampejeia.

É preciso suspirar o amor
como se fosse a preciosa
vida dos filhos.

É sui generis ninar o amor
para que os sonhos não se acabem.

É preciso dar bom dia ao amor
antes de reparar no cabelo desfeito.

É preciso urgentemente surpreender
o amor
pois,
o marasmo e a maresia
trazem uma calma desnecessária ao amor.

Ivone Landim
Todos os direitos reservados.

Fanzine Entrelinhas de Ivone Landim é premiado no Forum Cultural da Baixada




Prêmio Baixada 2010 - Literatura: Prêmio Especial/ Literatura: Projeto Entre Linhas - Nova Iguaçu
Ivone Landim Professora de Literatura do João Luiz do Nascimento - FAETEC -NOVA IGUAÇU - Poeta. Criou o Projeto Entrelinhas em 1990. Esse Projeto é feito em parceria com os alunos que editam poemas próprios, de funcionários, poetas tradicionais, e poetas de outros grupos.
Com objetivo de criar novos públicos que divulgue o fazer poético e que convivem com a estética das palavras. A poesia tem ajudado na auto-estima e tem sido agregadora diminuindo assim a distância entre os alunos.

Transcrito do site Rede Cultura. ning

domingo, 29 de agosto de 2010

Rosa vermelha e seu licor...




Lágrimas escorrem pelas curvas do meu rosto.
Seguro na mão a rosa vermelha que um dia eu fui.
E luto, luto todos os dias para continuar sendo...
Mesmo não suportando o cotidiano, pois sou mulher de Áries!
Eu busco, eu tento, persisto e invento.
Pois sou o licor degustado com ardor. 


Anel dourado no dedo e cheio de experiência.
Não todas, mas o suficiente para saber...
Que amar dói...
Mas também constrói.
Que amar alimenta...
Mas também pode matar.
Matar os sonhos...
Mas pode também ressuscitar, e dar um novo verso ao papel
Que um dia foi escrito com muito amor e mel.

Corpo que se entrega e vive de teimosa a se entregar.
Que não se cansa de lutar.
E de intensa que é, busca ser imensa do tamanho do mar.
Sem obscuros a rodear...
Liberta e livre como o rouxinol.
Andando por becos,
Pontes,
Marginais,
Temporais,
E com alegria, roseirais...

"Querendo vida sem ferida
Querendo vitória sem ironia
Querendo poesia sem agonia..."

Quero me alimentar com os grãos da minha vida vivida...
Com as areias das minhas ilhas...
Lutando sempre pelos meus anseios.
Podem não ser os mais indicados, mas são meus...
Então, não interrompam, muito obrigado!
Você é dos meus.



( Camila Senna)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A INIMIGA



A INIMIGA
Autora: Gabriela Boechat
Gabriela Boechat é artista plástica e faz parte dos grupos de poesia
Gambiarra Profana e Po-de-Poesia
Eu Arnoldo Pimentel tenho muito orgulho de ter divido a noite de autográfos
do meu livro "Ventos na Primavera" com a exposição "Nu da Minha Voz" da minha
amiga Gabriela Boechat no Centro Cultural Donana

Aprendi
Da maneira mais gentil
Que minha inimiga mora aqui
Em meu ouvido esquerdo.
É ela que fala do medo,
É ela que ri descontrolada
Quando a mão que afaga bate,
Quando a mão que bate afaga
No costume da madrugada
Na hora do seu sono...
Na hora do meu sono.
É ela que sai do nada vestida de guerra
Prega assim a lança em meu ombro
Me causa espanto
Tinha esquecido dessa gana de ir!
Mas pior é quando em remanso ela chora encolhida
É assim quando sem nada explicar, meu amado me manda ir...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mania de Mar





Na primeira vez que eu vi o mar
Eu não entendi nada
Tinha acabado de acabar a madrugada
E o azul que estava em cima
Era diferente do azul que estava embaixo
E a formosa linha sem cor estava ali no meio.

Hoje eu me amarro no mar
Minha mãe tem medo do mar
Meu pai não tá nem aí pro mar.

A mulata que entra
O moreno que sai
A sardinha que pula
A gaivota que cai
De boca
Na ostra.

Jogam merda no mar.
Meu Deus.
Por que fazem isso com meu mar?

Mergulho no mar que não muda
Deixo molhar em meu dorso sua espuma
Vejo o mais destemido surfista e sua prancha
Vejo a mais libidinosa mocinha e sua tanga.

Isso não é nada frente a imensidão do mar
Que é traiçoeiro
Que é cancioneiro
Que é poderoso
Que é misterioso.

Que tem maresia
Dentro de sua poesia
Que rola na areia
nos olhos da sereia
Cansada de chorar
Choro salgado de mar.

O mar tem mania de não sair de moda
Ele molha nas pedras suas histórias
De piratas e marinheiros
De caravelas e navios negreiros.

O mar invade meu nome
Se fundindo com o cio
Mar-Cio
Marcio
Essa coisa me melhora
A cada hora de minha molusca existência
Mesmo que isso não encha os olhos de ciência.

Não me canso de viajar
Quando danço com o barulho do mar
Lembro da bela deusa que nasceu do mar
Lembro de tudo que o mar dá
Me esqueço de tudo que o mar pode levar.

Que um dia o mar me leve
Para o fim de seu infinito
Através da carcaça de uma baleia
E eu ilustre habitante dessas ondas
Possa andar por entre as conchas
Contemplando o fascínio d'alem mar
E que meu coração romântico
Se lance no Oceano Atlântico
Onde ele nunca há de parar.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservado

ADJETE & Relaxe

Onde se lê poesia,
luz, paixão, vida,
leia-se política,
Deus, amor, avenida ou
outro qualquer substantivo.
Nem sempre a fala é completa
ou se anda torto em linha reta.

Onde se lê mago, bruxo, operário...
que mal pode haver noutro vocabulário.

 
Poeta Zé Carlos Batalhafam.

sábado, 21 de agosto de 2010

Me deixando à prova...





Não me deixe assim, tão solta, tão doida...
Me prenda um pouco, mas só um pouco.

Não me deixe assim tão lúcida, tão crua...
Me faça umas loucuras que vou com tudo, adoro travessuras.

Não me deixe assim tão sadia, tão sã...
Me bagunce, mas me bagunce mesmo...
Quero provar do seu veneno, e morrer envenenada de tanto te amar, amar...
E degustar, degustar.


Camila Senna

LIBIDO



LIBIDO

Partiu de você
O desejo de fazer amor
Rasgar as costelas
Despedaçar a íntima flor

Partiu de você
O desejo de se entregar
De sentir a dor do prazer
Aprender a amar

Partiu de nós
O desejo proibido
Da libido
Do beijo entre lençóis escondido

Partiu de nós
A ânsia de fazer amor
Suados de tanto querer
Suados de prazer

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

FLIP 2010 – uma expressão



A estrada escura e sinuosa havia ficado para trás. Fim de noite e início de madrugada fria. Assim foi a chegada em Paraty. A frente, a luz e a esperança do calor sensível da literatura em uma festa na histórica e internacional Paraty, a 8ª FLIP.

O ecletismo de gente nas ruas de Paraty, tanto à noite quanto de dia, chama a atenção dos que caminham sobre seu piso de pedras centenárias. Brasileiros legítimos, com toda sua miscigenação, misturados com representantes puros nativos da terra brasilis e de outras terras. Todos inspirando o mesmo ar puro trazido pelo mar e recebido pelas encostas da mata atlântica, viva, presente e imponente na região. Mas todos exalavam uma diversidade retratada na própria programação da FLIP. Impossível não ficar contagiado e inspirado com tanta pluralidade.

A festa era literária, contudo podia-se ver as mais variadas manifestações artísticas, desde o adereço que divide seu valor com a beleza feminina, até uma interação perfeita da tecnologia com a arte. Tal feito foi conseguido através de uma câmera especial que captava o calor emitido pelas pessoas. As imagens distorcidas, que eram exibidas em um telão batizado de “Termografia da multidão — Encontros e entornos”, foram captadas de performances de companhias de dança e grupos musicais. Interação perfeita!

Mas a literatura, gentil e cordialmente se impunha na festa. Autores vendendo seus livros nas ruas, ou até mesmo dando de graça, oficinas literárias, sessões de autógrafos, leitores esparramados – mas não menos concentrados – em locais inesperados, declamadores apaixonados e iluminados nas praças, debates calorosos acerca dos temas, uma síntese do documentário "José (Saramago)  e Pilar", stand dedicado a literatura infantil (FLIPINHA) e mais, exposição de esculturas de personagens literários dos livros infantis com toda o encanto e sua magia...

O homenageado da festa, o polêmico sociólogo Gilberto Freyre, por vezes parecia estar ali, andando no meio do público. Sua obra e pensamento, baseados no equilíbrio entre os contrários, teve debates de alto nível, que traçaram um perfil do autor com uma análise de seu estilo literário, seus momentos como ensaísta e as contradições de seus clássicos. O alto nível não foi apenas intelectual mas também emocional. O biblioteconomista Edson Nery da Fonseca, 89 anos, arrebatou a todos ao declamar de cor, apaixonadamente, o poema “Bahia de todos os santos (e de quase todos os pecados)”.

Drummond também recebeu tributo na 8ª FLIP, por conta dos 80 anos de “Alguma poesia”, seu primeiro livro de poemas. O poeta Ferreira Gular, ao participar desse momento, deixou sua marca pessoal, inconfundível e emocionante, levando a platéia ao delírio.

A literatura brasileira mais uma vez saiu exaltada da FLIP. Através dela, nossos escritos e escritores foram promovidos e impactaram de novo autores, editores e intelectuais internacionais presentes. Muito mais poderia ser dito sobre a FLIP. Mas como a emoção de ler ou escrever um poema, só quem sabe é quem o faz, a FLIP deixa amorosamente em cada participante seu, a marca de nunca mais ser o mesmo.

“...Cultura que grita pra ser cultura, em Paraty foi ouvida e aplaudida de pé...”


((( Camila Senna e Moisés Silva ))) 































Praça da Flipinha.



Parte interna da casa dos autores.



Performance da “Termografia da multidão — Encontros e entornos”.




Igreja de Santa Rita.







Centro Histórico Paraty.




Representação escultural da obra "A bruxinha que era boa".




Vista da tenda dos autógrafos.



Tenda dos autores


FIM.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sacudindo o teatro em mim...

 



 Hoje a felicidade me arrastou para o palco da liberdade.
 Eu estava de vestido floral, com cores laranja e amarelo.
 Levantei a barra do meu vestido e me liberei, me sacudi, rodopiei.
 Era tanta a euforia, que ao rodopiar eu não sabia, se era o vestido
  que me cobria, ou os colibris da fantasia.
 Meu rosto estava suado, minhas bochechas estavam vermelhas...
 E o meu corpo? Estava quente e minha alma flutuante.
 Tirei o peso das minhas pernas e pés, eles ficaram espertos e ligeiros.
 O palco estremecia, mas não caia.
 Ainda que caísse, eu ia continuar dançando...
 Pois a alegria era tanta, que nada me abalaria.

 A preguiça? Mandei embora.
 A rotina? Dei férias.
 A vergonha? Demiti!
 Tomei posse da minha autonomia.

 Deixei fluir sem preceito a menina que não se cansa de mim.
 Que vive a me rodear, sempre me convidando para bailar.
 Que pula, que grita, que ri, que é feliz!


 ((( Camila Senna )))

domingo, 15 de agosto de 2010

TEMPO



TEMPO
Autora: Silviah Carvalho

O tempo já passou,
A esperança ele a levou.
O frio chega de repente,
Congela a alma da gente,
Que precisa de amor.

E já é noite aqui dentro,
Nada mais podem tirar de mim,
Minha fé é o bem que me resta!
Por ela cheguei até aqui.

Mas o que dizer,
Da vida que não vivi?

Nada mais podem tirar de mim,
Nada mais, pois o tempo já tirou,
Lembranças, sentimentos,
O que são diante do tempo?

O tempo
Que não devolve nada que perdemos!
E se ganharmos faz pensar que não tivemos.

Tempo
Que vence nossas guerras,
Tempo que vence a vida!
Quando já a tenho por perdida,
Na ausência do amor.

Não amei do amor nada sei,
O que fiz então da vida?
Meu Deus! Não vivi,
Sem tempo passei por aqui.

HOMENAGEM AOS AMIGOS DO GAMBIARRA PROFANA



PARA OS AMIGOS E PARCEIROS DA GAMBIARRA PROFANA
Esse poema é uma simples homenagem aos amigos da Gambiarra Profana, que estão de uma forma ou de outra sempre comigo, sempre no meu coração e hoje sei que aprendi a amar cada um de vocês de uma maneira toda especial. Abaixo a relação dos poetas e poesias que estão aqui em ordem cronológica de tempo de amizade.

Autor: Arnoldo Pimentel (Partida Vazia, Ventos na Primavera)
Silviah Carvalho (Ave do Chão, Silêncio, Um Coração que Ama)
Márcio Rufino (Amor me Pegou, Dia Escuro, Mulher que Pinta)
Ivone Landim (Guardiã, Hoje, Razão de Ser)
Sérgio Salles-Oigers (Flor do Lodo, Nu da Minha Voz, Recital Para a Porta da Cozinha)
Lenne Butterfly (Grande Mini Vigília no Monte Subterrâneo, Nós)
Vinícius Siqueira (Versos e Reversos)
Rodrigo Souza (Segredos do Poeta, Ser Você)
Fabiano Soares da Silva (Instrumental)
Gabriela Boechat (Aurora)
Luis Anjos (Janela)

Esse poema foi inspirado no poema “Mulher que Pinta” do Márcio Rufino e das mulheres aqui presentes, acho que só a Lenne não pinta, pois nunca perguntei a ela, mas trabalha com imagens e é uma forma também de se expressar, as outras Silviah, Ivone e Gabriela escrevem e pintam.
MULHERES QUE PINTAM( Inspirado em “Mulher que Pinta)
Um dia meio sem querer
Conheci mulheres que escrevem e pintam
Conheci também um mundo feito de imagens
Feito de viagens

Conheci a mulher que pinta
Pinta sonhos
Pinta pássaros
Pinta tudo que vê pela frente

A mulher que pinta, que escreve e se descreve
Nunca está ausente
Está bem ali nos seus poemas
Nos quadros que olham pra gente
Sem pingente

Um dia senti o NU DA MINHA VOZ
Ouvi o RECITAL PARA A PORTA DA COZINHA
Ouvi o SILÊNCIO
Da GRANDE MINI VIGILIA NO MONTE SUBTERRÂNEO
Quando O AMOR ME PEGOU
E os SEGREDOS DO POETA ficam conhecidos
Quando o poeta escreve enquanto se descreve
Nos VENTOS NA PRIMAVERA
E HOJE todas as coisas são VERSOS E REVERSOS
Guardados pela GUARDIÃ
No coração da MULHER QUE PINTA
Na voz de quem é nu
No silêncio que penetra em “NÓS”
Assim tentamos ser
A AVE DO CHÃO
Para tentar aprender a voar novamente

Tentamos SER VOCÊ
Tentamos clarear o DIA ESCURO
E pintar alguma coisa que seja
INSTRUMENTAL
Mostrar que temos UM CORAÇÃO QUE AMA
Antes da nossa PARTIDA VAZIA
Antes de olharmos pela JANELA
E ficarmos admirando a FLOR DO LODO
Para não nos esquecermos de olhar dentro de nós
E descobrirmos que somos poeta de letras
De tintas
E temos nossa RAZÃO DE SER
Atravessamos o tempo
Rompemos a AURORA
E somos imortais

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

"RUMO À SOLIDÃO"

RUMO À SOLIDÃO (Haikai inspirado em Rumo à Solidão de Márcio Rufino)

Rumo à solidão
Sem vento pra refrescar
Sem medo de voar

Homenagem ao poeta e amigo Márcio Rufino no blog Ventos na Primavera
http://ventosnaprimavera.blogspot.com

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Fim de Festa





É bom me ver aqui feliz
nesse fim de festa
mesmo que isso não faça diferença.


É triste saber que houve os vencidos
nesses longos momentos vendidos
nestes grandes ventos medidos
dos mares do sul.


Mas danço com o ritmo da música.
Me olhando no espelho.
Controlando o grito do corpo.
Observando o movimento dos membros.


Busco em mim o que chamam sensual.
Trago em mim o que chamam natural.
Que toda vida tem,
que todo ser humano provem.


Solto o meu corpo pela imensa sala colorida de luzes de boate.
E o carnaval enxerga que o meu mal
não é nada perante essa mísera discórdia.


Sinto ainda ver cães, gatos e ratos
comendo na mesma mesa e no mesmo prato.
Rindo de nossas tragédias.
Chorando de nossa comédias.


Mostrarei o que guardava oculto em minha máscara negra,
pois sempre procurei em mim esse lindo beija-flor azul
dentro do horrível urubu que é o meu rosto ao nascer do sol.


Fui seqüestrado pela vida
e resgatado pela razão.
Não sou romântico, mas realista.
Não sou lúdico, mas otimista.


Lindo é saber que, apesar do desencontro,
fazemos todos nós parte do desequilibrado equilíbrio do meio ambiente.
E a morte do silêncio que vive entre nós
desgovernaria a harmonia existente,
destruiria a paz vigente
no fantástico universo da minha ilusão.


Agora vamos nos dar as mãos
e entrar nesta imensa roda
que o amor fez para nos unir.


E que minha luz clarividencie todo lado obscuro.
E que o mundo todo caiba em cima do muro
sem tamanho nem largura que é o coração de Deus.


Que venha uma chuva de água doce.
Tão doce como minha falsa lágrima
que corre deitada na pele
riscando o rosto e desaguando na boca.


Viva a redenção da vida.
Viva o sorriso da meretriz.
Viva a cicatriz da ferida.
O que a gente quer é final feliz.


Marcio Rufino

AURORA



Quadro: ...Uma flor (Gabriela Boechat)

AURORA
Autora: Gabriela Boechat

Se eu fosse você
Eu me usaria violentamente
Eu me cobraria telepaticamente
Eu me viraria do avesso
Se eu fosse você
Me beijaria e me abraçaria inutilmente
Eu me chamaria na desgraça só pra ver
A cor da despedida ferozmente
Se eu fosse você
Eu mentiria sem vergonha nenhuma
Eu prometeria por um segundo só
Eu cairia e levantaria em nome da verdade
Se eu fosse você
Me fingiria de cego
Deixaria o tempo passar, puxaria o fio do tempo pra trás
E falaria
Quero mais!
Se eu fosse você eu não teria dó
Ia querer me ver só
Ia querer me ver mal
Só pra sentir depois o contraste dessa presença
Vaidade declarada
Forma de ofensa
Se eu fosse você
Eu faria tudo igualzinho você faz agora
Porque assim mesmo
Você sabe
Ainda seria sua
Sua Aurora

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Me encontrei...


 
 
 
Seus olhos serenos sobre o meu rosto com sardas...
Me deixam anestesiada,
sem rumo,
sem quase nada,
só com a vontade louca de colocar os pés na estrada.
E caminhar... sem pressa no seu coração.
Olho para a rosa-dos-ventos, mas não me localizo...
Guardo a certeza íntima sem lógica, mas exata dentro de mim.
Cujo os desígnios do meu amor, decifrou.


Camila Senna

domingo, 8 de agosto de 2010

Linha de tiro

















Aqui neste bairro,
Na rua onde moro
De Ramos à Penha
Nas adjacências
Da linha do trem,
Há risco terrível,
Há risco iminente,
Há risco de morte,

Embora nas ruas
Quem passa, quem vai
Ao banco, à lotérica,
À barbearia
Cortar o cabelo,
Bater um papinho,
Pareça com isso
Sequer importar-se.

Na rua onde moro,
No bairro da Penha
Matar ou morrer
É caso geral,
Rotina diária,
Um caso sem caso,
Sem qüiproquó,
De pouca importância.

Mas, inda qu’eu beba
Até dizer chega,
Até cair trêbado,
Na linha de tiro
Meu quarto se encontra,
Ainda que eu clame
Ou inda que esqueça,
Abaixe a cabeça
Ou fuja pro boxe
Do meu lavatório,
Na linha de tiro,
Também fica a sala.
Daqui, vou sair,
Fazer minha mala
Se não vou morrer!

Mas, para onde eu vou
Triste sem pasárgadas?
Mas, quem sabe disso
Ou co’isso se importa
Se há tanto batuque
Nos fins-de-semana,
Se há tanta cerveja,
Pagode e bailão
Nos bares e clubes,
Se tem na TV
O jogo final
Do time querido
Por mil corações?

No fim, resta, então,
Fechar as janelas,
Fechar as cortinas,
Rezar a São Jorge,
Deixar para lá,
Quedar-se em silêncio.

Nos resta somente
Beber e fumar,
Amar e gozar
Nos bares e clubes
Do bairro onde moro.

Mas,
No escuro, em silêncio
Cantando ou calando
Amor sem amplexo,
O tédio da vida
Sem casa, sem nexo,
Malgrado esse risco
De morte iminente
A todo vivente,
Enfrento-me nu
De tudo, de mim,
De quem silencia
A dor deste bairro,
A dor desta terra
No risco de em vida
Já morta encontrar-se,
Já morto encontrar-me...

Mas,
No escuro, em silêncio
O rastro de um grito,
De um grito dorido,
Pressinto trancado
No quarto de treva
Em luto por mim,
Enquanto lá fora
Batuque feroz
Se faz pra esquecer
O medo de, à bala,
Morrer numa vala.

Felipe Mendonca -
Todos os direitos reservados.

RISO (DIA DOS PAIS - O OUTRO LADO)



RISO (DIA DOS PAIS - O OUTRO LADO)

Um riso tosco
Um riso morto
Ao lado do cara morto

Um riso acrílico
Ao lado da bala perdida
Que não manda aviso

Um cara caído sem aviso
Sem riso vivo
Sem sobremesa na mesa

Uma família sem jantar
Esperando o pai chegar
Sem saber que nunca mais voltará

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Versos ìnfimos

Corre o corpo nu em pêlos
Enquanto a mão avança
Palmo à palmo
Dedo à dedo
Por entre cavidades
Efêmeras como si
Cegas sem dó
Na sede de ceder
A libido em que se afoga.

por Sergio-SalleS-oigerS

45






No dia 06 de agosto de 1945foi na lançada a bomba atômica na Cidade japonesa de Hiroshima,esse foi um dos dias mais tristes da história da humanidade, então
hoje é um dia que deveríamos refletir sobre a paz e o amor.

45

O espelho refletia
A imagem da minha esperança
Penteando os cabelos
No sonho de criança
Era hora da escola
Não do cogumelo que esfola

Estava juntando as coisas
Que deveria fazer
Durante o dia
Se houvesse dia
Se houvesse luz
Se houvesse alegria

Minhas sombras
Não são meus olhos
Minha pele
Não sentiu mais o sabor do sol
Não tenho jardim
Nem girassol

Talvez eu conseguisse
Voltar outra vez
Sob a chuva negra
Atravessar a ponte
Que separa a tristeza
Da ilusão que ficou na fonte

Deixei de ouvir
O canto da vida
Que ficou espalhado na terra
Almas perdidas
No limiar da lembrança
Da vida esquecida

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

CORPO MORTO



CORPO MORTO

Sente sombras no quarto
Sente vultos do passado
Paredes balanço
Tempo se esgotando

Sente um aperto no peito
Alucinações abrindo a janela
Sente todo arrependimento
Todo sofrimento

Sente gotas de suor descendo pelo rosto
Rosto pálido
Quadro feito por estar só
Garganta apertada pelo nó

Sente asas no seu corpo
Sente felicidade
Liberdade

E sai voando pela janela
Livre e solto
Cai no passeio já morto

Unissexismo





Ei cara
você fica
bem mais
bonito
com esse toque
feminino
com essa
sua dignidade
que lhe foi
abençoada.
Gerar é uma
ordem objetiva.
Não tenha
medo do seu
unissexismo
a mulher
também
tem seu toque
masculino.

Jorge Medeiros
(04-08-2010 - 00:29 h)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Não quero morrer em vida...




Me estranho facilmente com a bendita morte.
Morte da essência que envolve o âmago.
Morte do fundo musical dos sentidos.
Não sou impenetrável, até queria ser.
Só assim, as coisas que não admiro, não passariam por mim.
Queria ser uma esfinge, veloz, sagaz...
Sugar o néctar da vida e ser imortal, ser real.
Sei que é só devaneio, mas do que vale a vida se não pudermos devanear?
No desalinho da minha mente, me alinho...
Na esperança de viver saborosamente, pretensão?
Não, fantasia!
Ai se não fosse ela a me aplicar anestesia...
Anestesia da arte, arteira que sou, não me conformo o conformismo.

Por vezes me vejo num motim, querendo a desordem.
Desafiando os que dormem, dormem o sono da ruindade.
Desafiando os que não sentem dor, a dor da saudade.
Desafiando os que não amam o amor, o amor e sua plenitude.
Desafiando os que não pedem receita, porque são frios e vivem fingindo ser sadios.
Desafiando os que não sabem chorar, por terem medo de se declarar, de se libertar.
Desafiando os que tem medo de amar, que não amam por covardia...
Mas que bobagem, amar é um risco que só quem corre são os intrépidos, é o frio mais gostoso que minha barriga já sentiu.
Será que minha visão é platônica?
Eu responderia que sim!
Os olhos da minha alma chamam-se utopia, é aonde minha vida vira poesia.
Seja na tristeza ou na alegria.

Quero viver todos os sonhos que já não cabem dentro de mim, loucura ou realidade?
- Os dois, minha louca realidade...
Não quero ser sã de verdade, quero apenas existir de verdade.
Faço questão que a frustração tenha ódio de mim.
Fazendo a desesperança implorar não passar por mim.
Quero viver o fim da guerra, a guerra dos sonhos impedidos.
Quero o diploma de que eu estive aqui, de que eu existi!
Vivi...
Aprendi...
E apesar dos pesares, fui feliz.
Não por vaidade, mas por realização, por tesão.
Tesão na alma, sem mais explicação!



Camila Senna

Não sou poeta

Como quer
que eu seja poeta?
Se não fui menino
de aquário,
olhando o mundo
por trás da vidraça
da janela?...
Fui às ruas,
roubei goiabas
na casa da vizinha
olhei as calcinhas
das meninas
nas escadarias da Penha
fiz peraltices
no terreno baldio
nas estradas
(atrás do tanque não deu)
sangrei com soco
no nariz
roubei dinheiro
da bolsa de mamãe
chutei canelas
no futebol
(fui dono da bola)
...
Não. Não sou poeta!
Não tive tempo
de olhar a vida
apenas vivi.

Jorge Medeiros
(27-07-2010 - 13:43 h)







O medo
nunca visitou
aquele homem.
Ele nunca
ficou em silêncio.

Jorge Medeiros