Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



domingo, 30 de maio de 2010

Marcio Rufino representa o Pó de Poesia na 3ª edição do sarau "Cidade Atravessa".


O poeta abre o evento lendo o Manifesto do Pó de Poesia composto por Ivone Landim.


O sarau Cidade Atravessa é um evento realizado pela editora Confraria do Vento em parceria com a Casa das Rosas e o Projeto OX toda segunta sexta-feira de cada mês. Atendendo a um convite do grande poeta e xará Marcio-Andre, tive a honra de participar deste importante evento na noite de 21 de maio de 2010. Antes de ler dois poemas de minha autoria fiz questão de ler o Manifesto do Pó de Poesia de autoria de nossa poeta, professora de Literatura, arteterapeuta e ativista cultural Ivone Landim. O evento teve também a participação de outros poetas como Reynaldo Bessa, Beatriz Bojo, Alex hamburguer, Luiz Roberto Guedes, entre outros, além da exibição o curta Cidade-Resposta de Marcio-André. Uma entrevista do escritor Paulo Scott com o escritor e fundador do CEP 20000 Guilheme Zarvos fechou brilhantemente o evento.

Assista o vídeo

De emocionar...





Ao som de uma flauta doce, me distancio da terra.
Minha alma se inunda de paz.
Me deixando levar por movimentos suaves, me dedico a lua.
Que como corpo celeste se insinua, o céu azul da cor de anil se encontrava, e as estrelas que tem luz própria, me irradiava.
As minhas asas imaginárias estavam lá, prontas a voar.
Na essência daquela noite na relva, quero me aprofundar.
A natureza é mesmo divina, me fez sentir um clima de emocionar.
E mais alto ainda, eu queria voar.
Elevei meu pensamento que corria ingênuo pelo ar,
recitei um verso, dizendo: ser infinito este luar.
Ah, como é bom flutuar.

Camila Senna

Procissão

sigo uma procissão
descompassada
onde não há
cânticos conhecidos
não há rezas certeiras
ou costumeiras.

é apenas um ir
indo pelo ir
pela exigência
do passo
pra um caminho
que desconheço.

a ladainha
da vida
segue
contínua
permaneço
na procissão..
até quando?...

Jorge Medeiros

(15-05-2010)

UMA FADA NA NOSSA NOITE



UMA FADA NA NOSSA NOITE
(Poesia dedicada a poeta Sarinha Freitas)

Eu fui apenas abrir o portão
O céu estava escuro
A noite estava nublada
No céu havia um deserto sem nada

Eu apenas abri o portão
Esperando ver do outro lado
A praça vazia
Descobrir que nem vida existia

Eu apenas abri o portão
E uma fada apareceu
Uma esperança nasceu

Uma fada vestida de humildade
Uma estrela que iluminou e trouxe vida em nossa noite
Uma fada esculpida de amor e amizade

Autor: Arnoldo Pimentel

sábado, 29 de maio de 2010

CANÇÃO PARA NÃO MORRER, CANTIGA PARA NÃO MATAR

Dissolver a luz nas migalhas de enxofre,
quando quente
glorificar os parafusos que sustentam a prateleira
no perpetuar dos sonhos absortos sob a língua que não mais trepida,
mas que esconde com a palma de sua mão
o sangue que esvai pela hélice do ventilador
por roer o mórbido encarniçado
numa apostólica alegoria de carnaval.
Uma mão sem dedos acena,
sorri com seus nervos à espera dos
comichões promocionais
e entre suas indecifráveis linhas
o sapato cai,
o gato cai,
a faca cai
e o desespero sobe
--- Zé Pilintra avança com a sua bicicleta de dez marchas ---
o infinito pertence ao passado e ao futuro a agonia.
Adormece o anzol entre a massa encefálica de seu travesseiro de almas,
transparente-aparente-ardente o fel que se faz do excitar de suas entranhas,
sua voz = minha cruz
seus desejos = minhas vontades
seu gozar = minha vez de lamber o corrimento das feridas.



do livreto "Os Covardes Também Cantam Canções de Amor"
de Sergio-SalleS-oigerS
₢.2000 - Gambiarra Profana / Folha Cultural Pataxó

Desespero romântico



















Só, na penumbra,
Depondo um caule seco
Na tigela,
Uma questão me ressumbra
Sob a luz da vela:
Que nos resta
Senão o espinho
E esta vazia cela?

Haverá fortaleza,
Haverá natureza
Que suporte isso
Neste terreno cediço?
Franca beleza
Que não perca o viço?

Ó louca lua,
Vermelha e nua,
Dize-me ao menos
O que é o ser
Nesta vida de somenos?
Dize-me que são
Estas falanges
De gente morta e exangue?

Dize-me quem são,
Tu que, súbito,
Demudada e lenta
Surges rubra,
Sanguinolenta,
Carnívora
Nesta atmosfera
De corpo e sangue.

Dize-me o que é
Esta gente langue
Que volta pra casa
Silente e estanque
Seguindo num bonde
Que chega aonde
De paludes sombrios?

Dize-me o que é,
Sob esta atmosfera
De pântano e fera,
Tanta gente que espera
Ouvindo o carrilhão
Vibrando da catedral
E de abissal região!

Dize-me que são
Os mares e marés,
O sol e as estrelas.
Sobretudo as estrelas!
Essa louca vontade
Que tenho de vê-las,
De tê-las
E compreendê-las.

Fala-me do quark
E do quartzo,
Tu que surges
Na janela do meu quarto,
Tu que a tanto nos observas
Como a um filho
Após o parto.

Dize-me quem és,
Filha de Théia,
Irmã gêmea da Terra,
Que pelo céu erra
Desnuda e atéia!

Dize-me o que são
Tanta forma e estrutura,
Tanto véu de loucura
Que em si tudo enclausura.

Dize-me o que são
Tanta vida
Ao rés desse chão
E esses corpos no escuro
Que alheios caminham
À própria matéria
Contra toda a sorte,
À espera da morte
Em solitária clausura.

Dize-me o que são
Tanta nau naufragada,
Tanta onda cansada,
Tanta vida afogada,
Tanta gente sem glória,
O Ser, o Tempo e a História!

O que dizes?
Nada dizes!
Apenas sussurras
Por sobre as marquises:

- Intrusa, irrompida vida,
Ainda recente ou finda,
Inunda logo a avenida
E tua cela vazia...

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.

A arte de Gabriela Boechat


A roda da fortuna



Ventos na primavera



Neruda


O menino do forró


O nu da minha voz

Os quadros acima foram pintados pela artista plástica Gabriela Boechat.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Me encontrar...



Quero me encontrar...
Despedir-me de tudo que me afugenta a alma.
Me encontro presa em um casulo.
Observo meus dias passando.
E o relógio é meu pior inimigo.
Sinto fome de amor, paz e brilho nos olhos...
Minha alma tem gritado por socorro
Se existe inferno, me encontro nele.
Renunciei-me...
Abri mão de tudo que um dia sonhei.
A menina imatura cresceu, eis aqui uma mulher.
Ainda menina, só que madura.
Quero encontrar um caminho um lugar em busca de mim mesma.
Quero sentir-me viva, pronta, no ponto, desejo me possuir com toda exatidão.
O ímpeto do meu ser anseia liberdade...
vento no rosto...
gargalhadas sinceras...
espontaneidade...
Olhares sedentos sempre em busca de si mesmo, do outro, da vida.
Ao amanhecer, quero sol no meu jardim.
E que a as flores voltem a sair...
E a vida que anseio, venha fluir em mim...

Camila Senna.


O Poeta Divino Márcio Rufino...





Escrevi esse poema para meu amigo Márcio.
Que brilha como o sol...
Que rima com um verso...

Talentoso é esse menino, o Poeta Márcio Rufino...

Cativo das letras e dos livros...
Como é audaz Márcio Rufino, que é poeta desde menino.

Autor de valor...
Todos deveriam ler.
Os poemas que ele escreve nunca mais irão esquecer...
Porque ele é poeta de verdade e merece aparecer.
Não para se engrandecer, mas para sua obra e sua alma
mais nobre ainda ser...

Talentoso é esse menino o Poeta Divino Márcio Rufino.

Camila Senna. 

terça-feira, 25 de maio de 2010

Primavera em pleno outono faz sucesso no Donana


O poeta Arnoldo Pimentel autografa seu livro "Ventos na Primavera".


Poetas na penumbra: Dida Nascimento, Fabiano Soares da Silva, Rodrigo Souza, Sergio Salles-Oigers, Arnoldo Pimentel, Henrique Souza, Vicente Freire, Marcio Rufino e Rômulo Pimentel


Os poetas Jorge Medeiros, Ivone Landim, Felipe Mendonça e Marcio Rufino


O poeta Marcio Rufino é o mestre de cerimônias


A poeta Ivone Landim


O poeta Jorge Medeiros


O poeta Sergio Salles-Oigers também homenageia Arnoldo


O poeta Rômulo Pimentel


O poeta Fabiano Soares da Silva


O poeta Henrique Souza


O poeta e ativista cultural Vicente Freire


A artista plástica Gabriela Boechat


O poeta Arnoldo Pimentel

Próximo de completar dois anos, o Pó de Poesia acaba de parir seu primeiro rebento. Trata-se de “Ventos na Primavera”, primeiro livro solo do nosso companheiro, o maravilhoso poeta Arnoldo Pimentel, editado pelo grupo Gambiarra Profana em parceria com a editora Pataxó. Tendo na capa uma belíssima ilustração da artista plástica Gabriela Boechat, o livro foi realizado de forma elegantemente artesanal e tem participações afetivas de poetas do Pó de Poesia e da Gambiarra Profana como Marcio Rufino, Ivone Landim, Sergio Salles-Oigers, Fabiano Soares da Silva entre outros.

O lançamento foi um grande sucesso na noite de 22 de maio de 2010 no Centro Cultural Donana em Belford Roxo. Contou com a apresentação de Marcio Rufino e com a presença de poetas da baixada fluminense e de outras regiões do Rio - como o poeta Xandu - que homenagearam o poeta lendo seus poemas. O evento contou também com uma mostra de curtas- metragens do Cine Rock e com exposição dos quadros de Gabriela Boechat.

A noite foi muito emocionante para todos nós e temos a honra de dividirmos esse momento glorioso com todos os seguidores, amigos, visitantes e leitores do blog do Pó de Poesia. A cultura de Belford Roxo e da baixada Fluminense agradece.

O Amor me Pegou




O Amor me pegou
Entre solidão e música romântica
Entre meu quarto e minha cama.

Quando de repente
Me lembrei da primeira vez
Que vi seu rosto

De repente me vejo aqui
Com esse leão feroz
Querendo saltar de dentro do meu peito.

Que vai dar no mar
Que nos levará para uma ilha
feita para nós dois.

Guardada por um deus grego
E uma santa católica
Que se compadeceram
Da sinceridade do meu amor.

Será que você não vê
Que meu coração
è uma baleia gigante
Que ondula, pula e salta
De cabeça para o rabo
Num mar de bem-querer.

Mas eu fico aqui nesse quarto
Totalmente exilado, alienado, separado
Desse mundo que não se cansa
De correr lá fora.
Dessa gente que não se cansa de andar lá fora.

Não quero que minha solidão me enterre em terra frouxa
Me comendo da carne em incerteza
Que é a destruição.
Mas me conduza em estradas iluminadas
Por noites escuras de lua e estrelas
Que é a paixão.

Bendito seja seu rosto vermelho
De vergonha e charme.
Bendito seja seu olhar infantil
De inocência e arte.

Ainda hei de ver chegar o dia ou a noite
Em que numa mesa de bar
Ou numa festinha de estar
Chegaremos juntos
Passo a passo
Palavra a palavra
A verdadeira razão espontânea de sentimentos.

Não quero que minha loucura
Faça com que minhas unhas e meus dentes
Me estraçalhem vivo
Que é a morte.
Mas faça com que meus lábios e minha língua
Percorram os pelos do seu corpo
Sugando a sua energia
Que é a sorte.

Maldito seja todo o rosto pálido
De hipocrisia e maldade.
Maldito seja todo olhar frio
De ironia e falsidade.

Ainda hei de ver chegar a tarde ou a madrugada
Em que você vai me ver
Como uma pessoa
Que te quer muito amor
Que não é só um corpo
Capaz de dançar
Mas de fazer música.
Não é só capaz de comer
Mas de sentir fome.

E aí você vai entender
A razão do que eu digo
Pois é com muito orgulho
Que eu grito
Com todas as minhas vísceras
Que o Amor me pegou.

E é ele quem me abre o coração
Para você passar
Assim como Moisés abriu o Mar Vermelho
Para o povo hebreu caminhar.

É por isso que eu sou seu
Mesmo que você não queira.
É por isso que você me domina
Mesmo que não me deseje.

Agora cala minha boca.
Não quero mais falar.
Não quero mais te olhar.

Não quero mais traduzir em versos
Tudo que os meus olhos lhe revelam
E meu coração pensa.
Tudo que minha boca insulta
E meu pensamento pulsa.

Já que esse amor não morre.
Renasce em outro crepúsculo,
Percorrendo outros músculos
Em poucos minutos,
De um tempo minúsculo de se querer.

Cresce em reflexos
Num mundo circunflexo
De dias perplexos
De sentido sem nexo de se viver.

Se reproduz desesperado
Num momento exato
De corações apertados
E sentimentos frustrados de se esperar.

Morre em braços duros
De homens maduros
De pensamentos obscuros
e corpos profundos de se entregar.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservados

Bruxo

prendeu minhas
palavras
aprisionou-me
a atenção
vasculhou minha
cabeça
bagunçou meu
saber
destroçou o meu
querer
dominou-me de todo
jeito
deixou meu corpo
ir embora
e fixou em seus olhos
minha alma
que não pôde partir.

Jorge Medeiros (23-05-2010)

(Em homenagem ao encontro impactante que tive com o artista Xandu)

Lu se ama

Lu se olha sem medo
disfarça o segredo
e assume bem cedo
força num só arremedo.

Lu solta seu pensamento
no certo momento
na voz sem sofrimento
mas com todo envolvimento.

Lu aprende e ensina
na vida de simples menina
na mente e garra feminina
nunca a limites se confina.

Lu leva o profundo pra cama
no silêncio diz quem ama
e antes de tudo, Lu se ama.

Giano
Todos os direitos reservados.
Ouço teu canto
Tão louco
Como as gaivotas
No fim do dia
Invento sussurros
Tão frio
Como a pele
De tuas montanhas
Desfaço segredos
Inventados por atores
Improviso
Saio de cena
Sem o beijo desejado
Sem a lágrima inevitável
E sem vontade de ir embora
Nesta noite tão fria.

Fabiano Soares da Silva
Todos os direitos reservados

Odisséia

















Caudal enorme
De pressa e de ódio,
No leito asfáltico,
Perturba os homens.

Calor de máquina
De brita e de aço
Poreja a pele,
Sufoca o peito,

Sufoca o pleito,
E a todos deixa
Em alta noite
Insones, nulos.

E oprime a boca
Que pede vez,
Que pede voz,
Um pouco d’água,

A fim de sede,
Tal qual de Tântalo,
De fera estiva
Matar enfim.

Mas, há bebida
Que te refaça,
Um calmo rio
De leito manso

Que o lasso músculo
Vigore e molhe?
Não há natura
Que a crosta fure

E acalme a fúria
Febril e muda!
Não há natura;
Só louca lua

Desnuda e gélida
Que se insinua
De noite arcaica,
Por entre gretas

De tua dor,
E nu te deixa
De couro e seda
Com teus broquéis.

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.

sábado, 22 de maio de 2010




Os evangelhos
são quatro...
O Poder
assim os definiu:
Glória
ao Pai
ao Filho
e ao Espírito Santo...
E é claro
ao mistérios da vida
que ninguém
descobrirá.

Jorge Medeiros
(11-01-09)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

PEQUENO PARAÍSO


PEQUENO PARAÍSO

Tudo era azul
Era sorriso para quem precisasse de abrigo
Abrigo pra quem precisasse de sorriso
De riso

Tudo era apenas uma fantasia
Que brotou da nuvem que passava
Para clarear a tarde cinzenta

Todos os brinquedos
Estavam espalhados pelo chão
Ilhados e isolados
Como uma rosa depois de perder
Um botão

Tudo era apenas um azul
Que não era celeste
Nem mesmo a cor do meu olhar
Nem minha alma sem vestes

Eram apenas estrelas dos brinquedos
Que sem medo
Ficaram sozinhos e espalhados
Pela minha sala

Minha sala decorada pela minha ausência
Minha sala que não era azul e nem servia de abrigo
Que não era sorriso
Nem riso
Era apenas meu pequeno paraíso

Autor: Arnoldo Pimentel

terça-feira, 18 de maio de 2010




O tempo
só o tempo
revelará
todo
o mistério...
Um cálice
irá transbordar
como o ciclo
certeiro
da fêmea
e será desvelada
a face
da vida
as várias
faces
divinas.

Jorge Medeiros
(10-01-09)

domingo, 16 de maio de 2010

Canção suicida












Antes era livre;
Dispunha de amplo
Firmamento teórico para aventuras
Amorosas e ontológicas,
Mas nunca conjecturei-me feliz,
Sabendo até que muito desejava tal emoção.
Certas associações tão óbvias
Não se conjugam neste mundo incongruente,
Enquanto algumas contradições surpreendentes
Enredam-nos facilmente nos viéses da vida,
Pois sendo amante devasso
De todas as fórmulas de lupanar
E de fêmeas filosofias ocidentais,
Não era feliz,
Não, ao menos, como um dia foram
Gregos ou romanos transfigurados
Pela apolínea beleza do Olimpo...
Contudo, hoje, quando circulo,
Sempre me deparo com paredes
Sem contradições, de crueldade,
Liturgia escolhida
De uma única profissão de fé.
Porém, nem tudo parece perdido...
Nelas, percebo sempre uma janela
Para, de monturos de arame e aflição,
Defenestrar-me, alcançando,
(Quem sabe?) após prisão e flagelo,
A medida vaga da aceitação,
Que vem de saber que o saber
Faz sofrer eternamente...

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.

PIPAS COLORIDAS SOLTAS NO CÉU



PIPAS COLORIDAS SOLTAS NO CÉU
(Essa poesia é dedicada aos amigos Sérgio Salles-Oigers, Lenne Butterfly e Fabiano S. Silva )

Tenho folhas escurecidas para soltar no vento
Escurecidas pelo tempo
Que andei brincando de pular as cordas
Que escondiam o pólen das flores que queriam amar
Antes que a primavera pudesse chegar

As pipas coloridas que estão soltas no céu
São apenas enfeites que camuflam
A tristeza que está no olhar daqueles que não tem a quem amar
Que não tem um carinho durante a noite fria
Que não tem um soluço para secar

Tenho estrelas que querem sorrir na noite
Mas a claridade do sol ainda está distante
Do pólo norte onde se encontram meus sonhos
Meus sonhos não são azuis como o infinito
Sonho apenas em tentar conter meu grito

Em tentar encontrar a solidão vazia
Para onde poderei partir
Sair sem me despedir
Desaparecer com as folhas escurecidas
Que soltarei no vento
Para evaporar nas frestas do tempo

Autor: Arnoldo Pimentel

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CORAÇÃO QUE AMA



CORAÇÃO QUE AMA

O coração que ama
É oásis no deserto e alimento ao faminto
Água ao sedento, força para o fraco
Consolo ao aflito

É paz em meio a guerra
Não tarda, não se esconde
É um pouco do céu aqui na terra

O coração que ama
Não busca glória e nem recompensa
A ninguém diminui, a ninguém entristece
Na bonança está presente
Na tormenta não desaparece

O coração que ama tudo suporta
Perdoa sem ser perdoado
Ama sem ser amado
Não maltrata quando maltratado
Não julga quando é julgado

O coração que ama
Não se cansa de fazer o bem
Não difama, não agride, não acusa
Sabe a hora de ouvir e a hora de falar
E se nada pode fazer, sabe a hora de se calar

O coração que ama desse jeito
Aprendeu com a crucificação
Que se não pode pôr nos ombros sua cruz
Te sustenta, te carrega e te ajuda em oração

Autora: Silviah Carvalho

SONETO À FLOR DOS TEUS SENTIDOS



SONETO À FLOR DOS TEUS SENTIDOS

Não poderei dizer com firmeza
Se nos poemas a minha alma exponho
A poesia é carne, caminho e sonho
Em que todos têm a mesma beleza

Alma que pode ser a tua ou a de um anjo
Não a distingo de mim nem da canção
Na poesia tenho mais de um coração
Que palpitam formando um belo arranjo

Se disser que sou flor mesmo não sendo
A verdade de outrem é meu rebento
Pois eu digo que outras almas são minhas

Contudo, se de mim duvidas tanto
Se a ti provoco desmedido espanto
Tem fé, então, nessas minhas entrelinhas

Autora: Luciene Lima Prado

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vitrines


















Demente
Silente
Nem sentes
Que mentes
Pra ti.
Sequer
Ressentes
Ao ter
Que à mente
Ludíbiro
Impor
De quem,
Semente,
Se mente,
Contente
Com isso;
De alguém
Que mente
Premente
Querendo
Tão ávido
Mais luxo,
Debuxo
De bruxo
Da cor,
Do talhe,
Do corte,
Do molde
Esguio,
Esbelto –
Reclamo
Vendido,
Mentido
Modelo
De ti:
Vitrines!
É que
Mentir
Te deixa
Ausente
De ti,
Da dor
Do ser
No eterno
Devir.
É que
Mentir
Te traz
Alívio
De não
Saber-te
Semente
Florente
No rente
De um chão
Que não
Se sente,
Se mente,
Nem mente
Semente,
Somente
Te brota,
Te rompe,
Te enruga
E faz-te
Arbúsculo
De músculo
Morrente.

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Gêmeas Amoroso-Vitelinas





Univitelinos – adj. Diz-se de gêmeos verdadeiros, gerados de um só ovo.

Maria Isabel ficou muito deprimida quando soube que não podia ser mãe. Seu grande sonho era ser mãe de duas gêmeas. Depois de semanas e semanas de muitas lágrimas e depressões, cansou de tanta tristeza e decidiu com o marido:

- Já que não posso parir minhas gêmeas com o ventre, vou parir com o coração!

No dia seguinte foi de braço dado com o marido visitar o orfanato mais próximo de casa. Duas recém-nascidas, cada uma de uma mãe biológica diferente, haviam acabado de chegar naquele mesmo momento. Maria Isabel quis ir vê-las. Uma era negrinha como a noite estrelada e os olhos pretinhos como dois pedacinhos de carvão. A outra era loirinha da pele alva e dos olhinhos azuis como o céu. Maria Isabel quando as viu pela primeira vez, percebeu uma coisa que ninguém havia notado nos bebês. As duas tinham o mesmo par de olhos arregalados, curiosos. Os mesmos olhos que apesar de serem de cores diferentes tinham o mesmo abuso, a mesma ousadia, a mesma má-criação de quem quer subir em todos os telhados e se infiltrar em todos os buracos possíveis. Nas duas boquinhas o mesmo sorriso livre de bacante. A mesma boquinha de Eva sem culpa. De Eva que além de comer o fruto proibido, ainda lança uma gostosa e inocente careta para o divino.

Diante daquelas duas criaturinhas, o coração de Maria Isabel se enterneceu. Ela sentiu uma sensação amorosamente estranha. Seus olhos em lágrimas denunciavam a chegada de duas velhas amigas, duas irmãs que uma vez nunca se vendo, já se sentiam invisivelmente. Maria Isabel sentia uma dor interior absurda. A dor imensa dos que cuja única condição da vida é amar incondicionalmente até o que se pensa não existir. Maria Isabel havia acabado de parir suas gêmeas com a alma.

Os quatro bracinhos e as quatro perninhas profanas rebolavam fogosas e excitadas no ar e abriam-se imensas para receber o amor daquela mulher. Um colorido se fez na vida de Maria Isabel que cuidou daquelas duas como cuidava do menino Jesus quando era menina; e ela fazia de conta que era a Nossa Senhora em época de natal, roubando a imagem do santinho da árvore para brincar com ele.

E esse mesmo amor transbordou entre as duas e passava de uma para outra como as águas de um rio entre duas pedras. Assim, Andréia e Adriana cresceram. Unidas em sentimento, amizade e carinho, mas também em dor, sofrimento e desilusão. No ato de comerem juntas, de estudarem juntas, de brincarem juntas. De uma defender a outra nas brigas; de dividirem as mesmas alegrias. O primeiro namorado; O sem vergonha do Carlinhos que queria namorar as duas ao mesmo tempo e das duas acabou apanhando, pois essas duas dividiam também os ódios. A dor de ter enterrado Maria Isabel, vencida pelo câncer. Os casamentos, os filhos e elas sempre juntas; até ficarem velhinhas. Eram mesmo gêmeas amoroso-vitelinas, pois foram geradas pelo mesmo óvulo do coração.


Marcio Rufino
Todos os direitos reservados



Meu Deus não é pássaro
Que se pega com arapuca
Que se prende em gaiolas
Que se filosofa por teses

Meu Deus é texto
É espelho dos passos
Que mapeiam

Meu Deus não freia

Meu Deus nasce
Onde tudo cai, escorre e irrompe
Meu Deus é movimento
É verso que me crê.

Ivone Landim
Todos os direitos reservados.

Lançamento de VENTOS NA PRIMAVERA de Arnoldo Pimentel no Donana




No dia 22 de maio de 2010 se dará no Centro Cultural Donana às 20:00 0 lançamento de "Ventos na Primavera" de nosso poeta belforroxense Arnoldo Pimentel. O livro será editado pela Folha Cultural Pataxó com o apoio do grupo Gambiarra Profana. O livro terá a participação afetiva dos poetas Marcio Rufino e Sergio Salles Oigers. O grupo Pó de Poesia convida toda a Baixada Fluminense e todo o Rio de janeiro para prestigiar esse grande poeta, integrante do grupo e que tem nele um de seus maiores articuladores. O Donana fica na rua Aguapeí, 81, bairro Piam, Belford Roxo.

FOGÃO À LENHA



FOGÃO À LENHA
(Poesia dedicada ao poeta Márcio Rufino)

Entrei na sua sala e vi seus quadros reais
Surreais
Criados na sua alma
Com calma
Sem calma

Seus quadros pintados no chão de terra batida
Com cadeiras desfiguradas espalhadas
Um tapete amordaçado
Um canto simples e abençoado

O fogão à lenha aquece o ambiente
E com seu calor dá aquele toque de gente
De gente que gosta de beber caldo de cana
Gente humilde, mas que ama

O feijão preto sai do fogão à lenha fumegante
Ficou ali por horas, sem pressa
Como se estivesse olhando as estrelas
E a lua que um dia será de mel com sua namorada

A noite podemos dormir no quintal
Tendo por teto um céu de estrelas
Para aquecer, no lugar do fogão à lenha
Uma pequena e aconchegante fogueira
E assim poderemos brincar de sonhar
Um sonho simples e feliz
Um sonho recheado pelo sentimento amar

Autor: Arnoldo Pimentel

domingo, 9 de maio de 2010




O passado não registrou
em minha alma
referências certeiras
Elas se perderam
imóveis
no espelho empoeirado
da sala de estar.

15-02-09 - Jorge Medeiros
Todos os direitos reservados
Tenho vivido minha vida a mercê das circunstâncias
E não são boas assim...
O beijo é partido e a alma é estrangulada.
Vivo como espectador de minha desgraça
E sem você tenho passado mil noites em claro.
Espero uma, de todas as mulheres já desorientadas
E cansadas desse mundo miserável.
E se vier, como sempre vem... te abraçarei...
Já não sei o que fazer do mundo que criei,
Por isso, fico sem alma, desalmado.
A noite, assim, vai engolindo
lentamente meus sonhos.
às vezes você me cura.
Desse câncer que me faz perder o sentido.
Não quero que tenha o sentiomento ruim,
Não quero que chores por mim...
Menina bonita, filha da África,
hoje vimos o amanhecer...
... e na incerteza do primeiro raio de sol,
Pude perceber o meu desespero por ti.
E você menina bonita, me olha com cumplicidade.
Já não posso viver...
Solucemos o choro, sem lágrimas,
pois secaram todas de meus olhos.
Menina bonita, filha da África, vivo a tua mercê,
Esperando a outra parte do beijo
Que revigore a minha alma.

Fabiano Soares da Silva
Todos os direitos reservados.
O sabor do seu beijo
Na madrugada fria
A meu corpo desejar.

Sandra Pimentel
Todos os direitos reservados

Melódica Paixão

Com classe despótica
teu indelével corpo
vem repousar nas ondas da paixão
onde dedilhar-te-ei como menestrel
e afinados sussurros profanos
melodiarei na tua pauta
soerguida de volúpia
comporás fora de si
febril e convulsiva
uma ópera de múltiplos atos
e eu torpe a refrear
a escala transbordante
com um rufar pulsivo
intenso e sincronizado
por fim um dueto uníssono
ecoaremos por duas vidas.

Giano
Todos os direitos reservados.

Rima sem Graça

Minha poesia
É um embrião
Que não chega
A ser feto
Morro a cada dia
Por falta de afeto

(28/06/09)
Jorge Medeiros
Todos os direitos reservados

Pequeno Manual de Taquigrafia




Abro a janela
Como quem se afoga
Tentando se livrar
Das águas que adentram as narinas
Hora estou aqui
Hora estou a meia hora
Partindo-a ao meio
Como limões azedos
Não consigo fazer uma canção
Mesmo assim sigo cantando
Ando a passos largos
Sem saber onde ficar
Meu único lugar é em mim.

Fabiano Soares da Silva
Todos os direitos reservados.
As paixões
São certamente
Egoístas
Ficam aprisionadas
Num coração iludido
E declara escandalosamente,
Mesmo no silêncio,
A necessidade do desejo
Aprisionado
Num só ser.


17/05/2009 Jorge Medeiros
( Belford Roxo – “ Sinal Verde”)

Hans, Ísis, Jade e Abel

Com desprezo
me agarro
ao cadáver
de minha mãe
caído, ali no chão,
dividindo espaço
com tantos outros corpos
chacinados
pela mesma mão,
que não há muito tempo
com beijos ela abençoou,
entregando seu coração
ferido por um filho
que à beira de seu caixão
suas jóias particulares saqueou.

Dentre suas jóias particulares
se encontrava
um Hierofante de marfim
talhado por mim
enquanto o réu se escondia
atrás do vidro maternal
estampado no funeral
a lágrima de alegria
escorria pelos braços do cortejo
sob velas
transcendentais
e quentinhas de carne-de-sol com jerimum
preparadas
por mamãe
pouco antes de eu matá-la
à marretadas.

Minha marreta Juliana
só ela me entende,
não faz nenhum drama.
Minha marreta Juliana,
minha amada, minha cúmplice;
minha dama.

O terror!
O terror
de quem nunca se arriscou
a nadar na banheira
pra mergulhar
na língua da ribanceira
a testemunhar seu início
no fim da vida de alguém.

O terror!
O terror!
O amor!
A testemunhar seu início
no fim da vida
de outra pessoa.

do livreto "Os Covardes Também Cantam Canções de Amor"
de Sergio-SalleS-oigerS
₢.2000 - Gambiarra Profana / Folha Cultural Pataxó

sábado, 8 de maio de 2010

Pipa















Se a lesta pipa passar em frente,
Num dia claro, da tua janela
Com franca vista do pôr-do-sol,
Estica o braço para pegá-la,
Mas não a apare no pleno vôo;
Sente a rabiola passar apenas
Pelos teus dedos, ligeira e breve,
Pois se sustenta no ar tão somente
Por brisa e linha fina e volúvel.
E se outra vez o acaso do vento,
Pela janela do apartamento
Em que tu moras, encaminhá-la,
Perceba bem que já não há linha
Que a leve leve por estes céus,
Sem deus ou nuvens a organizá-los;
Somente um vento que forte e doido
Mexe febril em toda a paisagem
E a pipa arroja contra a janela
De um edifício que muito lembra
Adamastor no silêncio grave
Do aço, concreto, viga e fastio.
Portanto, deixe que adentre anônima,
Sem epopéia, cantor ou fama:
Ave abatida, louca avoada,
Em desafio contra fachada
De mil janelas sempre fechadas,
No breve instante de um vento leste.

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.

CASAS DE NUVENS CINZA



CASAS DE NUVENS CINZA

Casas de madeira soltas na terra
Decoradas com cordas de arame que atravessam a ausência de paisagem
Esticadas por postes sem luz que apontam
Para o céu de chuva cinza
Sem esperar nenhuma doce miragem

O silêncio é quebrado pela bicicleta sem acento
Que vaga pela rua de chão solta no vento
Carregando em seu sonho a grama estéril
Vidas vazias
Que nem o pranto solto alivia

No solo molhado pela chuva
A desesperança por saber
Que no fim do dia não haverá fartura
Sempre será assim em cada novo amanhecer

Não haverá escolha
Entre as nuvens que ainda vagam
Nem galhos nas árvores secas
Nem mesmo bichos da seda

Autor: Arnoldo Pimentel

quarta-feira, 5 de maio de 2010

PRIMAVERA NO SEU CORPO



PRIMAVERA NO SEU CORPO
Lindos são seus olhos
Que enfeitam meu olhar
Perfumando a primavera
Embelezando as flores que nascem com ela

Sedutores são seus lábios
Que me convidam para um beijo
Que molham o orvalho
E enchem meu corpo de desejo

Bálsamo é seu corpo
Que passo horas a acariciar
Sentindo a brisa que vem do mar

Felicidade é ter você
Linda como a pérola
Como um novo alvorecer

Autor: Arnoldo Pimentel